quarta-feira, 26 de maio de 2010

Alguns Quilos À Mais e Uma Paixão

Sou gorda e me sinto mal. Simplesmente, toda vez que me olho em algum espelho, sinto-me horrivelmente mal. È como se a imagem que vejo no espelho fosse uma faca me perfurando com frieza!

Mas por que será que sou gorda?

Ah, claro, sou gorda porque como, é óbvio, e é a resposta que todos têm a me dar. Mas, então, por que é que eu como?

Pra saciar a minha fome? Não, não é apenas isso, senão nas minhas três primeiras garfadas, eu já estaria saciada, o que não acontece. Como é de gula, mesmo, não vou negar. Como e, mesmo saciada, quero comer ainda mais. Sou compulsiva!

Porém, há alguns dias atrás, algo me fez parar de sentir essa fome.

Na faculdade, indo para a minha aula, deparei-me com um rapaz que, de certa forma, me observou. Sim, ele parou seus olhos sobre mim e me vistoriou. Não, estou sendo hipócrita, ele apenas olhou na minha direção, e parar o olhar sobre mim já é uma coisa. Fiquei apaixonada, eufórica.

E minha fome se esvaiu.

De frente para as bandejas no restaurante da empresa, ao pegar um espátula para me servir, senti que não queria comer. Meu estômago embrulhou-se, mexendo seus lábios como se quisesse dizer "Não, não ponha nada aqui, não estão a fim!". E, obediente à sua ordem, não me servi de nada e não senti fome mais tarde.

Passei uma semana em frente à cantina onde minha amiga trabalha, observando aquele rapaz me observar ao longe. Era prazeroso, me deixava feliz. Mais e mais, fui deixando a comida de lado para apreciar aquele sentimento tão bom, nada mais parecia me saciar. E foi então que decidi me pronunciar para ele.

- Oi, tudo bem?

- Tudo bem. - Ele respondeu olhando ao redor. Provavelmente queria ver se estávamos a sós.

- Faz tempo que eu o vejo me olhando aqui na escola, e então resolvi falar com você. Você gostaria de me chamar pra sair?

Com cara de espanto, o lindo rapaz fitou-me e respondeu:

- Você deve estar enganada. Na verdade, nunca te vi nessa escola. Aqui, eu só tenho olhos para a mais linda garota que pode existir...

- Quem? - Indaguei.

- A menina da cantina.

Basicamente, a minha amiga.

E então descobri por que como tanto. Simplesmente, porque tento suprir sentimentos bons que eu poderia estar sentindo comendo. É tão eficaz que, quanto mais eu como, mais prazer eu sinto, e substituo perfeitamente essa paixão que eu não sinto.

Conclusão, estou à caminho da obesidade mórbida.

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